terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sem radar


De leve, foi-lhe voltando o sopro da vida. Não havia mais nada que a prendesse ali: nem correntes, nem laços, nem traços, não havia sequer radares pra encontrá-la. A alma livre e solta como o vento, percorria a vasta rua como que em redemoinhos, mas não era rua, era metáfora, era coração!
Mas uma alegria morna e tardia, juntava-se ao arrepio instintivo de algo ali ainda era carne viva, algo não fora pro abate. E, com desprezo, viu que uma única fatia de si tinha se prestado a um papel rebelde, não lhe obedecia os comandos. Era justamente aquela tatuada com aquele olhar e o senso de humor, que ainda a fazia tremer nas bases, mesmo que muito de vez em nunca! Recalcarei-a um dia talvez - ou nunca - quem sabe junto às desafetividades a que fui acometida, mas não antes. Porém, transformei todo o veneno em medicamento.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A saudade que o inverno trouxe

É, só não reparar nessas caras inchadas de sono que tudo fica beleza, ok ? oO
             É mais sobre se estar rodeada de pessoas e ainda sim sentir um vazio incalculável dentro de si. O inverno trouxe a saudade consigo, uma certa nostalgia de calor, uma vontade de voltar num tempo tranquilamente complicado.
            Sinto falta  dos risos e das vozes, tão familiares! Sinto falta da companhia das noites, das madrugadas... dos abraços sinceros e apertados, das nossas brincadeirinhas internas. Sinto falta dos segredos e cumplicidades e do tempo em que tão pouco era tão suficiente. Sinto falta de ter a sala cheia e alegre. Sinto falta de vocês.
           Há pessoas que passam por nossa vida e nem ao menos imaginamos o valor que elas representarão, nem  que criaríamos laços tão fortes como que de uma verdadeira família. Uns vão, outros vem, mas jamais um ocupa o lugar do outro. Este permanece como uma ferida aberta pela saudade e pela tristeza de não mais compartilharmos o mesmo teto.

Dedicado aos pensiones, principalmente os que não moram mais comigo e que tanto me alegraram semestre passado: Rafinha, Ídilla e Higor.
Saudades

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Acreditar custa um tostão

É justamente quando desistimos do cinza, do marrom, do bege, do branco, do morno, do insosso, que vamos em busca pela alma colorida: com retalhos de sorrisos, pupilas esculpidas em vitral, cheiros armazenados em memórias nítidas. Não só tinha um sorriso invejável, branco e leve como a brisa de fim de tarde, como também tinha ternura no olhar, tinha calor de abraço, tinha doçura ao lidar sabiamente com as palavras. E sendo assim, que não se sente magnetizada à ir até mais fundo e dar um presente a si mesma, acreditando novamente no coração que insiste em tornar a bater, mesmo que com intensidade de início? Mais fácil resistir ao chocolate!
Quem sabe, um passo após outro e, ao invés de chegar a um precipício como sempre foi, ela não chegaria ao fim de um arco-íris? É, acreditar custa um tostão, mas quem não joga na loteira, não tem como ganhar o prêmio.

domingo, 21 de agosto de 2011

Vida jamais entendida

Se há uma frase que faz total sentido é "Viver ultrapassar qualquer entendimento", de Clarice Lispector. Não é curioso o quanto é impossível entender a vida? Não sabemos o que vai nos acontecer minutos após, não sabemos como estará nossa vida em dois anos, não sabemos nem sequer se estaremos vivos. Como as peças do nosso quebra-cabeça se encaixam ou não, movidas por um destino, u um Deus, uma força impulsionatória maior, se é que essas coisas existem de fato. Às vezes acontecem determinadas situações que só conseguimos imaginar que existe alguém lá em cima se contorcendo de rir com nossa desgraça.
Confesso que, em determinada época da minha vida, desacreditei nessas coisas de que nada é por acaso, que tudo estava escrito, afinal, quem escreve nossa história não somos nós mesmos? Se vamos por um caminho ou outro não parte das nossas atitudes/escolhas?
De fato que se soubéssemos antecipadamente as coisas que nos iriam trazer sofrimento, com certeza iríamos por outro caminho. Mas como aprender algo, se não passarmos por experiências ruins antes? E que bagagem poderia trazer uma pessoa que nunca fez nada errado, que nunca quebrou a cara?
A vida é mesmo um mistério, que tentamos relutantemente arrumar um propósito para que nossa estadia breve seja aproveitada da melhor forma possível. E buscar saídas e respostas para o que não é sequer uma pergunta - é uma sentença - torna ainda mais louco e incoerente o processo falho de entender alguma coisa.

Vai entender, né...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Pontes indestrutíveis


((Charlie Brown Jr))
Buscando um novo rumo
Que faça sentido
Nesse mundo louco
Com o coração partido eu...
tomo cuidado
Pra que os desequilibrados
Não abalem minha fé
Pra eu enfrentar
Com otimismo essa loucura...
Os homens podem falar
Mas os anjos podem voar
Quem é de verdade
Sabe quem é de mentira
Não menospreze o dever
Que a consciência te impõe
Não deixe pra depois
Valorize a vida...
Resgate suas forças
E se sinta bem
Rompendo a sombra
Da própria loucura
Cuide de quem
Corre do seu lado
E quem te quer bem
Essa é a coisa mais pura...
Fragmentos da realidade
Estilo mundo cão
Tem gente que desanda
Por falta de opção
E toda fé que eu tenho
Eu tô ligado
Que ainda é pouco
Os bandidos de verdade
Tão em Brasília tudo solto
Eu faço da dificuldade
A minha motivação
A volta por cima
Vem na continuação
O que se leva dessa vida
É o que se vive
É o que se faz
Saber muito é muito pouco
"Stay Will" esteja em paz..
Que importa é se sentir bem
Que importa é fazer o bem
Eu quero ver meu povo todo
Evoluir também
Que importa é se sentir bem
Que importa é fazer o bem
Eu quero ver meu povo todo
Prosperar também
Que importa é se sentir bem
Que importa é fazer o bem
Eu quero ver meu povo todo
Evoluir também
Que importa é se sentir bem...
Resgate suas forças
E se sinta bem
Rompendo a sombra
Da própria loucura
Cuide de quem
Corre do seu lado
E quem te quer bem
Essa é a coisa mais pura...
Difícil é entender
E viver no paraíso perdido
Mas não seja mais um iludido
Derrotado e sem juízo
Então!
Resgate suas forças
E se sinta bem
Rompendo a sombra
Da própria loucura
Cuide de quem
Corre do seu lado
E quem te quer bem
Essa é a coisa mais pura...
Que importa é se sentir bem
Que importa é fazer o bem
Eu quero ver meu povo todo
Evoluir também
Que importa é se sentir bem
Que importa é fazer o bem
Eu quero ver meu povo todo
Prosperar também
Que importa é se sentir bem
Que importa é fazer o bem
Eu quero ver meu povo todo
Evoluir também
Que importa é se sentir bem...
Viver, viver e ser livre
Saber dar valor
Para as coisas mais simples
Só o amor constrói
Pontes Indestrutíveis..

domingo, 14 de agosto de 2011

Falatório


Poderia usar essas 24 horas de que disponho pra demonstrar algo especial, que se tornaria nesse prazo, mais especial ainda, mesmo sabendo que seria ridiculamente repetitivo da minha parte citar todo aquele mar de palavras novamente. A vontade e oportunidade são grandes, a importância é grande, infelizmente a inconveniência também. As coisas passam, o tempo, cumpre o seu papel e passa também. Pra mim esta disposição em ser mal interpretada não vale lá muito à pena, é meio tolo. Tudo bem, completamente tolo!  Aprender um pouco a focar no que vem na frente e não procurar o que perder, visar o desapego de coisas/pessoas/sentimentos. Vem acompanhado com um misto de perda, nostalgia e loucura, ou quem sabe amor - ou que nome possa ser dado à isso - tudo junto, em doses irregulares e incompreendidas, quase que se acotovelando e que fogem completamente ao meu entendimento.

Valioso


Todo dia dos pais é pra mim motivo de reflexão, primeiro, porque se esse fosse um típico dia dos pais de anos atrás, eu estaria tentando imaginar como é o meu, os traços que eu poderia ter herdado dele, o porquê de eu não estar com ele nesta data e outras milhões de coisas, principalmente porquê eu ainda não o conhecera. Falta de vontade da parte dele? Vai saber. Mas hoje e dia é mais um momento de análise dos verdadeiros papéis e valores de um pai. Dizem-me que pai é mais que laços sanguíneos, é mais que um sobrenome, mais que a pessoa que colaborou na sua vinda ao mundo! Pai é aquele que cria, pai é ensinamento, preocupação, carinho, presença e amor.
Desde muito pequena convivi lado a lado com a louca vontade de conhecer o meu pai biológico, tinha sonhos utópicos com ele. Até que esse dia chegou - aos sete anos de idade - e foi um encontro lindo: corri e me atirei nos braços da figura desconhecida daquele homem a minha frente, o que se segue são as coisas de praxe... abraços em câmera lenta, conversas, emoção, e comecei a me acostumar com aquela figura em minha vida, criei um laço com ele. Mas foi com o convívio - se é que esse pouco tempo pode se chamar de convívio - que percebi que havia uma pessoa que cumpria muito mais essa lacuna paterna em mim, era mais pai do que o meu próprio pai... o meu padrinho! Então poderia encher esse textos com frases pessimistas sobre o quão meu próprio pai, o biológico, é alheio a mim, mas prefiro agarrar-me ao maravilhoso presente que tenho em minha vida. Meu padrinho esteve comigo desde o meu nascimento, sempre ao meu lado, me instruindo para o futuro e com seus exemplos de homem bom e honesto, ajudando a construir um caráter. Hoje eu sei que sou uma pessoa sortuda, por ter uma pessoa a quem sinceramente amar e saber que ele está sempre disposto a me ajudar. E realmente comprovar a teoria que ouvi durante toda a minha vida e que ainda ouvirei por muitos anos a fio: Pai é aquele que cria. Pai, te amo, muito. Obrigada por tudo que o senhor tem me feito até hoje. Você é um orgulho pra mim.



Aproveitando a brecha e oportunidade pra falar de uma pessoa muito especial que aniversaria hoje (14 de agosto) que é minha madrinha. À essa altura, vocês devem ter percebido que realmente eu tive muita sorte na minha escolha de padrinhos, não é? Minha madrinha é uma mulher de fibra, de garra, uma mulher forte que não abaixa a cabeça diante dos problemas e nem muito menos deixa a peteca cair. Um exemplo pra mim. Que como ela fala: "só não fiz ter, mas o resto...", uma verdadeira mãe, que se doa para mim, que me impulsiona e direciona para caminhos que me servirão e farão bem ao meu futuro. Desde a leitura do meu livro preferido enquanto pequena (A zeropéia) até hoje quando me indica livros e leituras mais convenientes. Só tenho a agradecer por todos esses anos de carinho, ensinamentos, lições, amor, cuidados. Enfim, muito obrigada por tudo, saiba que o amor que eu sinto é inexplicável. Tem que se sentir pra ter uma ideia da dimensão que esse amor representa para mim. Te amo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A incerteza de um amanhã


"É noite, mais precisamente uma noite fria de agosto, tento olhar as estrelas pelo nublado céu de Campina Grande, porém as nuvens me impedem. Por que o próprio céu se esconde? De que se esconde? Será de meus pensamentos? Definitivamente não sei, mil coisas me passam pela cabeça a fim de responder tão simples e ao mesmo tempo complexa pergunta, mas logo desisto, pois ir contra a vontade do maior tira dele a sua magia. Então me pego pensando no amanhã, no que eu espero dele, ou no que provavelmente me acontecerá. Será que é isso mesmo que deveria ser? Seria esse o meu destino – se é que realmente existe? Complicado responder, o futuro é incerto, tão incerto quanto o que vou pensar daqui a dois minutos, porém os pensamentos não param, eles me invadem, apoderam-se de mim, chegam até a me corroer e finalmente me pego às lagrimas, lágrimas de tristeza? Talvez, mas prefiro chamar de lágrimas de um talvez. A sensação de incomodo persiste, mas por que se tudo parece ser para meu bem estar? Talvez porque o que precise não seja o melhor e sim desafios, então percebo que tudo não é devido à incerteza de um amanhã, mas sim a falta dele, o talvez de algo pré-determinado, que vai de contra minha vontade. A partir disso me pergunto, como eu aparentemente tão forte, posso ser “destruída” por um simples pensamento? Por que isso me afetaria tanto? Poderia ser o frio? A falta das minhas amadas estrelas? Não, apenas a incerteza constante, o provável adeus, melhor falando, o quase certo adeus, que prefiro chamar de até logo, soa menos doloroso, porém, embora menos doloroso, nada reconfortante. As lagrimas não param, parece que estou em sintonia com a triste noite, ou será que eu a deixei assim? Desconheço, mas os pensamentos voam para outro lado, o passado, o que já vivi e as pessoas que conheci o que já sofri e já sorri, então a incerteza do futuro retorna,será que fui justa nas minhas escolhas? Será que fiz alguém sofrer? Será que alguém está sentindo o mesmo que eu? Espero que sim e ao mesmo tempo em que não, literalmente sufocada, quase sem ar e totalmente sem palavras, me dou conta que por mais que tenha errado, sido egoísta ou arrogante, segui meu coração, dei o melhor de mim e tudo, exatamente tudo não irá ser esquecido e nem foi em vão, não pra mim, que agora vago em minhas lembranças e incertezas de possíveis futuros. E depois de tudo isso, simplesmente me entrego ao silencio da noite."

Texto de autoria da minha comparsa, Amanda Dantas. Muito bom, por sinal (=

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O mais cruel dos amores

É agosto, uma noite fria de agosto, pra ser mais exata. O café fraco, frio, com gosto amargo, permanecia na mesa ainda posta. A casa aparentemente silenciosa e a rua aparentemente de luto, numa escuridão sem fim. Havia a chuva que caía fina, como um véu que se estende acima de nossas cabeças, contrastando com as espessas lágrimas que caíam lentamente de seu rosto, apoiado entre as duas mãos. Permanecia solitária a mente do sujeito que conversava consigo mesmo olhando a cadeira vazia, mas ainda quente da permanência breve de um ser. A comida mal tocada, os estilhaços de objetos no chão. O eco do choro, o olhar de súplica feminino, o sentimento de culpa, acompanhado do choque de ver aquele corpo magro, pálido, de cabelos negros e temperatura gelada ali na sua frente, com um líquido qualquer, insignificante, brotando de seu peito. Poderia ser amor, a forma mais doentia desse amor. Mas estava obcecado, enciumado, agora caiu sobre suas costas o peso do que havia feito.
Num gesto insano, talvez impulsivo, quisera guardar para si a essência de algo que não admitia dividir com mais ninguém, agora o peito que antes batia por ele, não iria bater por mais ninguém, simplesmente não iria mais bater. E como que de relance, viu-se realizando o mesmo feito há minutos atrás... uns quinze, vinte, não fazia diferença. Queria juntar-se àquela que soubera mexer com o seu psicológico, àquela que ele amara até seu último fio de vida, mas também àquela de que cuja boca saíram as palavras mais insuportáveis de ouvir, aquelas que dariam por encerrado toda uma existência de sentido para ele. Não aguentara, só mais um gole e tudo estava feito. O barulho metálico e um corpo jogado ao chão, o rosto lentamente pousado no ombro da amada. O jorro de sangue misturado marcava a união de duas almas que, em breve, quem sabe, se encontrariam. Não mais nesta vida, porém.

sábado, 6 de agosto de 2011

A lembrança em poesia

Acordara com um incrível sorriso no rosto. Sorriso de gato sorrateiro, sorriso cabuloso. Sabia-se por seus olhos comprimidos como quem olha ao Sol, que havia um certo ar de felicidade naquele mês que denomina-se "mês do desgosto". Mas não pra ela. Bem, ao menos não por enquanto ! Tentava transformar em poesia o aroma das plantas, o perfume, o calor, o macio toque de pêssego, mas era uma tarefa impossível. Preferia guardar, secretamente, o que estava passando em sua mente como um filme e transformar em mais um capítulo de sua nova vida aventureira.

Na merecida tranquilidade

E sim! Pude constatar que é mesmo verdade quando diz-se por aí: "Tenha calma que a coisa vai melhorar" ou "dê tempo ao tempo". É, para muitos e em muitas situações, pode ser um conselho clichê pra lá de inútil, mas, como andei dizendo, realmente reparei que há um momento que suas dúvidas, problemas, crises (e o que de mais chato existe) estacionam... podem até não sumir, mas vão ficando com uma força negativa cada vez menor e você até pode conviver numa boa com eles.
Você vai vendo o quanto o mundo pode estar pior do que você, enquanto você tem tudo para agradecer todos os dias pela boa vida. Vê que reclamar demais não te leva a lugar nenhum, além de ser exaustivo pra você mesmo e para quem você tem por perto, não ameniza a sua situação e percebe que ficar de braços cruzados é uma furada!
Enfim, tentar desvencilhar-se do que te mais prende e atormenta o seu passado também é uma boa via para conseguir desvencilhar-se de uma vida confusa. Saber o que quer e fazer coisas que te acrescentam - e aos outros também - seria outra dessas vias. Você vai ver o quanto pequenas atitudes fazem grande diferença em sua vida, e que  ela pode estar ótima, mas você não dá o seu devido valor porque tá perdendo o tempo vendo só as mazelas que acontecem com você e com todo mundo.