segunda-feira, 31 de março de 2014

Quando mais me importei com o mundo, quis tirar todas as suas dores sangrentas, latentes e repintá-las, minimizá-las. Quando mais me importei com todo o mundo, eu absorvi um pouco da dor de cada um e chorei, lamentei as dores do mundo de todo o mundo. Quando mais me  importei com todos, me senti retalho de alma, um pouco de cada. Quanto mais eu remoía e colecionava dores, mais a minha crescia, apoderava-se de mim, era a minha companhia. Quando eu percebi que eu somava dores, já havia explodido no acalento do meu próprio abraço inquietante, o abraço de ser vencido pelo cansaço.

domingo, 9 de março de 2014

Beat

Sobre a expansão de consciência e a afirmativa certeira de que havia nascido ali, naquele estado, no meio daquelas luzes e cores que me olhavam e me abraçavam, não me incomodavam. Árvores luminosas, leões d’água, cidades subterrâneas. Foi ali, no meio daquele calor de março, daquele ritmo, daquela cumbia, daquela energia, daquelas pessoas. Poderia me aninhar na aura colorida e doce, na freneti(cidade). Foi aqui que nasci, afirmei de novo. Nasci nesse solo quente, nasci nos ritmos. Toquei de leve o chão e levei minha mão por todo o meu corpo. Mais que estar ali, eu queria fazer parte daquilo, queria ser absorvida pelas notas musicais. Um ritmo suado, agoniado, eu não era matéria corporal, eu era som, batimentos, era um eu abstrato. Meu coração, uma batida. Meu cérebro, uma batida. Meus olhos, uma batida. E me atirei naquela rua, no coração onde nasci.