domingo, 10 de novembro de 2013

Part(ida)


Como se o grito que entala a alma se materializasse virasse fumaça densa que corresse e te enforcasse as palavras.  
Como se o meu coração pulasse na garganta pra avisar que algum líquido escorrega quente sobre minhas veias.
Pra lembrar que o teu não amor foi quem me queimou o juízo e que eu te dei o melhor de mim, eu te dei meus olhos, ternos, sinceros, profundos.

Em troca costas que se viram, boca quem e nega, olhos que me queimam.

domingo, 3 de novembro de 2013

Desaniversário


Chuva fina e flores na cidade cortejam. Cortejam os que se foram, cortejam os que nasceram. Num dia incomum, meu choro irrompeu o mundo, era um grito de protesto por ser arrancada daquelas entranhas quentes e familiares para um mundo estranho, era grito de resistência: seria a luz que nascia num dia preto. Não menos que duas décadas, era a idade que tinha o sorriso, era a idade cravada nas lágrimas que me arrancavam não mais do útero primeiro, mas pariam-me de um jeito estranho e delicioso em um novo nível de consciência: Transcendi e não volto a caber em mim. Rodeada de sorrisos e olhares, tudo se movia paradoxalmente lento e rápido.