domingo, 16 de novembro de 2014

Eleana

Atriz que não atua
No mar corre nua
Com o olhar nos fissura

Ela ama
E por um triz
Perde o amor no espelho

Ela é Ana

No escuro
Sob a luz da lua
Solta fogos
Pelo cabelo

Presente de Andreza Dendê pra mim :)

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Incenso
Fumaça densa que dança no ar
Meu senso
Pertuba, desnuda e sai do lugar
Eu penso
É tenso, tenro e flutua no copo de um bar
Teu lenço

É leve, poesia breve que acaba no mar.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Sinto muita falta do útero materno. Nascer é doloroso, não se pede, se é arrancado, é a primeira grande perda. E para que se nasce? Não seria a vida, um eterno caminhar para a morte, um dia a mais não seria, na verdade, um dia a menos? A vida é cruel, o amor também o é. Não aprendera com as falhas em que se espelhou que o amor é a coisa mais paradoxal que existe? Quando pequena, e ainda hoje em tristes esperanças infantis, alimentou a fantasia de que o amor é a coisa mais importante do mundo e que ele basta. O amor, meus camaradas, o amor, entre idas e vindas serve para a poesia. E o quanto dói ver que o galgar de minha existência intensa se pauta geralmente nas poesias feitas da tragédia, dos cacos do mundo, da cidade simbólica que desmorona. Algo bonito, mas profundamente melancólico para que escreve e quem o lê. A poesia é inevitável ao sofrimento, o chão some, as pessoas derretem, o coração aperta e a poesia surge. O quão pode ser cruel a beleza que advém da tristeza do outro, o quão pode ser bonita uma poesia de quem ama demais.
Você é a cachaça mais forte que já tomei - e nem fiz careta!

Vou-me

Começa assim: um mal estar, um embrulho no estômago, um aperto na garganta. Vômito. Vomito! Vomito-lhe palavras presas, doídas, encorpadas e mal mastigadas. Vomito no balde, vomito no banheiro, deixando o metafórico e recorrendo ao literal. Pedaços de almoço e palavras de antes. Dou descarga no balde tentando descarregar as palavras, o sabor ruim delas e do cigarro que fumei sob o sol quente onde não conseguia sequer chorar; o vômito desceu, bebi água e passou. Ainda sinto o sabor das palavras.