terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Paraíso

Almejo um lugar seguro, que me segure entre os braços e me console deste mundo incomum. Lá eu veria tudo como se eu estivesse vendo pela primeira vez, guardaria aromas que não me esbofeteassem a face, passaria a noite nomeando as estrelas, lembraria de pessoas que não me decepcionaram. Lá eu adotaria um duende, e ele me ouviria quando todas as pessoas estão ocupadas demais com seus próprios devaneios. Lá eu amaria, com todas a completude do meu ser, eu amaria a essência das coisas, mas não todas as pessoas, pois foi amando-as que, um dia, precisei criar este lugar em alguma gruta da minha mente.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Desvio

Quisera eu te secar com os olhos
Enlarçar-te no meu quente aconchego
Te tornar prisioneiro efêmero
De um amor não breve

Quis congelar cada momento
O afago e o estrago
Cada ensaiar de sorriso

Mas te perdi de vista
Perdi a vista
Fui cegada pelo sol

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Se queres conhecer o meu segredo, não me prenda, não me imponha grades, eu descubro as combinações dos teus cadeados, escapo entre os teus dedos.
Se queres me conhecer de verdade tem de ser devagarzinho, que a sorte é breve e o meu amor, meu bem, às vezes é mais breve ainda.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Fome de presença

E te deixarei ir, com toda a leveza que também te deixei entrar em minha vida. Você cuidou de mim como se eu fosse uma flor, mas até as flores precisam de companhia. Não consegui alimentar-me de sua ausência, a flor cansou, a flor sentou e adormeceu. Não quis esperar o melhor, não quis esperar o pior, não quis esperar, e justamente esse não esperar, nos transformou em lacunas, sem perspectiva, sem um degrau a mais no muro pra ver o por do Sol no horizonte.
Não apagarei o seu rastro, para que, quem sabe um dia, você possa encontrar o caminho de volta... em outros tempos, outras circustâncias, pra darmos motivos aos que dizem que combinamos e  relembrar o quanto a Lua estava bonita quando nos conhecemos.