terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sem radar


De leve, foi-lhe voltando o sopro da vida. Não havia mais nada que a prendesse ali: nem correntes, nem laços, nem traços, não havia sequer radares pra encontrá-la. A alma livre e solta como o vento, percorria a vasta rua como que em redemoinhos, mas não era rua, era metáfora, era coração!
Mas uma alegria morna e tardia, juntava-se ao arrepio instintivo de algo ali ainda era carne viva, algo não fora pro abate. E, com desprezo, viu que uma única fatia de si tinha se prestado a um papel rebelde, não lhe obedecia os comandos. Era justamente aquela tatuada com aquele olhar e o senso de humor, que ainda a fazia tremer nas bases, mesmo que muito de vez em nunca! Recalcarei-a um dia talvez - ou nunca - quem sabe junto às desafetividades a que fui acometida, mas não antes. Porém, transformei todo o veneno em medicamento.

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