quarta-feira, 18 de maio de 2011

Esse tal alguém

Por mais que sempre lhe dissessem o contrário, Clarissa relutava na ideia de nunca achar o cara certo. Ela até se conformaria em arrumar um cara "errado" (tá, nem tão errado assim)... o caso é que ela não tinha nem um e nem o outro. Estava só. E, embora quisesse estar assim (ou pelo menos, era o que ela queria acreditar), sentia falta de uma companhia, de alguém que a tomasse entre os braços e lhe arrancasse o fôlego de sopetão, ou alguém pra abraçar, ficar no calorzinho humano, no aconchego. Alguém que sempre notasse os sinais do seu olhar, ou que gostasse de uma forma estranha de suas manias, que ouvisse uma música, justo aquela, e se lembrasse dela, que soubesse os seus pontos fracos. Ela queria ser mimada, queria que ele interrompesse sua fala com beijinhos leves e levados, queria risos, queria o toque da pele, queria calor. Alguém com quem conversar durante as noites de insônia, queria insanidade, queria loucura. Alguém que gostasse das coisas mais bobas dela, alguém que adorasse quando ela contasse milhões de vezes a mesma história, alguém que não medisse esforços para vê-la.
E algo nela ardia, sim, era uma chamazinha de esperança, de cor morena, tênis surrados e sorriso meia boca, intenso. Sabia que havia encontrado o que queria no instante em que o viu. Ele sorriu, ela sorriu, havia algo de reciprocidade nisso. Meses depois, ela agradecia por ele estar com ela, e tudo exalava alegria e amor. Ele tinha defeitos sim, mas era a pessoa errada que mais dera certo em sua vida. Foram os sete meses mais felizes da sua vida.
Era um dia comum de inverno, ela o esperava em sua casa. Pobrezinha, mal sabia o que o destino te guardava. Veio a notícia: "Jovem de dezenove anos morre atropelado após sair de uma floricultura, havia um cartão onde ele escrevera o seguinte: 'Morena, se um dia eu morrer antes de ti, virarei teu anjo. Eu te amo muito'."

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