terça-feira, 15 de abril de 2014

Sobre um dia sem data

A chuva trouxe o orvalho pra dentro dos meus olhos, o cinza não colore só o céu, o arco-íris não saiu, nem sequer explicou por que não veio, aqui não faz cheiro de terra molhada. O pôr do sol não tinha cores, eu pude ver a sua ausência com os meus próprios olhos de janela. Quando a chuva cessou, um ou outro passarinho emitia um som tímido, quase não audível. O incenso acabou, a melodia se esvaiu, a mente transbordou um líquido salgado, lágrima de mar. A noite demorou a varrer o mundo com a sua saia preta, costurada com a linha da melancolia. Estrelas? Devem estar se exibindo em outro céu, no meu não quiseram nem dar as caras. A lua me olhava, me olhava, lamentava e sentia pena. O céu chorou, as nuvens desmancharam de angústia e o Sol dormia um sono profundo de quem não quer sair do útero quentinho pra nascer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário