domingo, 4 de janeiro de 2015

Concha

Sim, foi você que percorreu com os olhos, com as mãos e com a língua cada centímetro de minha pele, foi você que me marcou com teus lábios carnudos a parte lateral de minha nuca. Foi você que me virou do avesso e descobriu que o avesso é o meu lado certo. Foi você que meteu e se meteu dentro de minha vida. Foi você que voou, fui eu quem voei. Voamos. Foi você quem repousou a asa sobre meus braços, foi você que como passarinho acuado ficou no meu ninho. Foi você que como uma gata parida, tentava me afastar de você e eu como gata no cio, acabava ficando. Foi a água no nosso corpo que fazia o dia valer à pena, foi a preguiça cotidiana e a correria do dia a dia que transformava o abraço no nosso refúgio. Foi a saudade que me marcou assim, com uma cicatriz de uma ferida mal curada, a ferida da distância, da saudade, do não estar. Foi tudo isso e por isso que até conchas do mar me fazem lembrar de você.

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