segunda-feira, 25 de março de 2013

Tom de sépia


A música que toca agora, me toca na ferida como um dedo toca uma campainha, insistentemente, numa nota só.
O frio que faz agora, esfria as extremidades de mim e do quarto, mas deixa os pensamentos quentes, a memória acesa.
Os barulhos da noite perturbam o sono dos inocentes, dos sem culpa. O silêncio do outro lado da cidade, é cúmplice dos que não calam.
O tom da noite lembra uma fotografia velha, em tons de sépia. Sépia também é o tom de tudo o que poderia ter sido e não foi. Do que foi quebrado as pernas e ficou impossibilitado de andar e hoje se arrasta, agarrado na esperança do existir.
Fecho os olhos tentando ver tudo em preto e branco, mas tudo vira nitidez, cheiro, saudade, devaneio.

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